Como vimos nas ações, projetos e sugestões apontados até agora, as estratégias das escolas para enfrentar a violência variam de acordo com os problemas enfrentados em cada lugar. Esse é um ponto chave quando se pensa em ações de prevenção da violência: entender as dinâmicas de cada local, em vez de simplesmente replicar modelos, e então desenvolver ações relacionadas a essas dinâmicas.
Ainda que a especificidade de cada escola deva ser levada em conta, há um eixo comum que perpassa todos os pontos abordados na cartilha e diz respeito ao papel da escola na promoção da cultura de paz, entendida como um modo de pensar e agir que respeita a diversidade, o diálogo e a negociação como estratégias para a resolução dos conflitos, e que rejeita qualquer tipo de violência no ambiente escolar.
Por isso, trabalhar a cultura de paz e as ações de desnaturalização da violência no ambiente escolar é essencial para promover o questionamento desses valores e atitudes e contribuir para a convivência segura.
Nesse sentido, vale destacar o papel dos educadores e de todos os atores escolares no estímulo à reflexão crítica, à adoção de comportamentos não violentos e à valorização da mediação de conflitos e do diálogo.
Outro aspecto que merece atenção é a forma pela qual os jovens muitas vezes utilizam símbolos relacionados à violência para serem validados e respeitados perante seu grupo − e isso também pode e deve ser trabalhado dentro da escola.
Um exemplo claro é a valorização e mesmo o porte de armas de fogo (mesmo que proibido por lei) no ambiente escolar. As armas carregam um valor simbólico muito forte na sociedade, especialmente no imaginário dos jovens, que as associam a poder, virilidade e defesa pessoal.
Apesar de não figurar entre as principais ocorrências de violência nas escolas, a presença e o uso de armas no ambiente escolar devem ser trabalhados. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, as armas de fogo são a principal causa de morte entre jovens de 15 a 24 anos.
Além do mais, quando as armas de fogo estão presentes em situações de briga e desentendimentos, aumentam muito a sensação de insegurança e a chance de esses conflitos terminarem em morte violenta.
• Desenvolver uma campanha de repúdio à violência e ao uso das armas por adolescentes e jovens.
• Desenvolver, junto com os alunos, materiais de comunicação sobre o tema (filmes, cartazes, folders, spots para rádio, e outros) que possam ser disseminados para outros adolescentes e jovens.
• Mobilizar grupos de jovens para discussões e/ou outras dinâmicas (teatro, dança) que podem estar focadas, por exemplo, no uso da arma e na “cultura do machão”, promovendo a reflexão e o questionamento sobre a cultura da violência. Essas ações devem atrair tanto os jovens homens como as jovens mulheres, que acabam muitas vezes contribuindo para a valorização do “masculino, forte, que usa arma”.
• Realizar um pacto coletivo com os diversos atores (escolares e externos, como a polícia, os guardas e a segurança privada), estimulando a desvalorização de comportamentos violentos e da presença de armas na escola.
Fonte: Cartilhas Temáticas - Instituto Sou da Paz http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Cartilha01ESCOLA_VsFINAL.pdf
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