terça-feira, 19 de junho de 2012

Educação: Escola e Prevenção da Violência Entre Jovens


Escola e Prevenção da Violência Entre Jovens



escola é um local de sociabilidade e convivência entre diferentes. Em seu espaço, circulam e relacionam-se estudantes, funcionários, professores, membros da direção e moradores dos bairros do entorno, de origens social, econômica, cultural e faixa etária distintas. Na escola, também são construídos e compartilhados identidades, saberes e valores definidores da construção da cidadania e da vida em sociedade.

Como consequência do encontro de diferentes, observa-se o surgimento de antagonismos que, transformados em conflitos, podem ou não assumir formas violentas. E, nesse ponto, o que chama a atenção e preocupa os pesquisadores, autoridades públicas, organizações não governamentais e, principalmente, aqueles que convivem diretamente com esse fenômeno é o alto número de casos de violência ocorridos nas escolas brasileiras, que atingem todas as camadas sociais, sendo os jovens, sobretudo, as principais vítimas e protagonistas.

A  violência nas escolas está  associada  a múltiplos  fatores,  tanto  internos  (sistema de normas e regras, quebra dos pactos de convivência, desrespeito entre funcionários e alunos e vice-versa,  ausência  de  um  ensino mais  qualificado,  carência  de  recursos)  como  externos (agravamento  das  exclusões  sociais,  raciais  e  de  gênero,  perda  de  referencial  entre  os  jovens,  desestruturação  familiar).  

Por  isso,  as  alternativas  à  violência  instaurada  nas  escolas devem  envolver  diversas  estratégias  e  atores  responsáveis,  ainda  mais  porque  cada  instituição  convive  com  questões  e  dilemas  específicos  de  sua  própria  realidade.  Assim,  os caminhos  não  devem  se  apoiar  em  receitas  prontas  ou  em  uma  única  solução  capaz  de resolver todas as demandas.  

De  maneira  geral,  o  entendimento  do  problema  da  violência  nas  escolas  −  e  as  medidas propostas  para  enfrentá-lo  –  costuma  se  circunscrever  aos  casos  de  violência  física  e  delituosa,  como  furtos,  uso  de  drogas  e  porte  de  armas,  sem  considerar  todas  as  outras  dimensões  da  violência  que  acontecem  no  ambiente  escolar  e  têm  relação  direta  com  os casos mais graves. Outras situações, como a criação de normas e regras, as relações sociais estabelecidas entre os atores (aluno-aluno, aluno-professor, professor-professor, professor-direção, professor-família) e destes com o espaço, também interferem no cotidiano escolar e devem ser repensadas.


As respostas aos problemas tendem a se basear em estratégias exclusivamente reativas e repressivas,  como o  fechamento da escola,  a  instalação de  câmeras, detectores de metais e  outros  mecanismos  de  vigilância  e  controle,  além  da  solicitação,  algumas  vezes  desnecessária,  da  presença  policial.  Tais  medidas  raramente  se  mostram  eficazes  para  evitar  a ocorrência de novos delitos e não promovem mudanças na forma como as relações estão estabelecidas  no  espaço  escolar,  gerando  mais  conflitos  violentos  e  chocando-se  com  a concepção da escola: um espaço de todos, da democracia, da diversidade e da integração. 


Na discussão sobre violência nas escolas, é comum buscar um único responsável pelo problema e, portanto, por sua solução: a escola culpa a família, a família diz o mesmo da escola, que por sua vez aciona a polícia ou utiliza recursos repressivos e baseados na exclusão para resolver os conflitos violentos e os casos de indisciplina. Se a violência é um problema tão multifacetado, por que delegar sua solução a uma única instituição? E por que esperar que essa  solução  seja  pautada  somente  no  fortalecimento  do  controle  e  da  fiscalização,  sem considerar a construção de uma cultura e de valores que estimulem a convivência pacífica e democrática na escola? 

O fenômeno de violências nas escolas está associado a múltiplos fatores de ordem interna e externa.



Esta cartilha pretende contribuir para a reflexão sobre a relação entre escola e prevenção da violência entre jovens, acreditando que o espaço escolar é um lugar estratégico e privilegiado para se trabalhar na perspectiva da prevenção da violência. A escola pode ser palco de experiências de prática cidadã com enorme potencial para a formação de lideranças e a construção de formas pacíficas de relação social e de promoção dos direitos.
Para tanto, esta cartilha fornecerá subsídios conceituais e práticos que possam:

  1. abordar os principais conflitos e manifestações de violência existentes nas escolas,
  2. discutir as principais relações estabelecidas entre os diferentes atores escolares (instituição, estudantes, professores, direção e equipe técnica, funcionários, família e comunidade) e as responsabilidades no desenvolvimento de ações de prevenção da violência e convivência pacífica nas escolas,
  3. fazer recomendações e sugerir estratégias e experiências realizadas em comunidades marcadas por altos índices de violência, pautadas na resolução pacífica de conflitos, no diálogo e na participação.
Assim, esperamos que as sugestões e práticas descritas contribuam para gerar ações e projetos de prevenção da violência e promoção da convivência pacífica nas escolas.

Fonte: Cartilhas Temáticas - Instituto Sou da Paz  http://www.soudapaz.org/Portals/0/Downloads/Cartilha01ESCOLA_VsFINAL.pdf

















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