sábado, 12 de fevereiro de 2011

Educação a Distância

Educação a Distância

Sem dúvida, vive-se uma época de profundas e velozes transformações em todas as áreas de atuação humana. Para uma esfera da população, o grande e estonteante desafio é manter-se atualizado, é estar continuamente aprendendo. No entanto, para a outra esfera deste povo, bem mais numeroso, esta possibilidade não existe. O homem foi capaz de grandes criações e descobertas, que infelizmente não tiveram como objetivo beneficiar a totalidade das pessoas. Muito pelo contrário, apenas um terço da população usufrui deste “progresso”, deixando os outros dois terços à margem de tudo ou, pior ainda, contribuindo com a parte “suja” que favorece o “progresso”: uso indevido de recursos humanos e naturais.

O progresso do conhecimento científico e a difusão dos computadores, as tecnologias avançadas, em especial das telecomunicações criaram um mundo à parte, onde a individualidade, a diversidade, a especificidade cada vez mais se fazem presentes. O mundo, hoje, é um lugar instável em todos os sentidos, onde até o conhecimento é provisório e a única certeza é a incerteza.

A Educação vem encontrando grandes dificuldades de adaptação às exigências dos tempos atuais. Nas escolas, assim como nos locais de trabalho e nas próprias famílias, convivem gerações com características diferentes: uma formada para obedecer, para “fazer as coisas como elas sempre foram feitas”, convivendo com pequenos grupos; outra que já viveu a maior parte de sua vida num contexto que lhe exige mais atos de autonomia e criação, que necessita resolver problemas sempre novos e que precisa estar constantemente em inter-relacionamento, face à complexidade das modernas atividades e à imensa interconexão existente no nosso mundo globalizado. Assim, as gerações que receberam uma educação – formal e familiar - baseada no uso da memorização, no controle, na reprodução do conhecimento, na obediência e na padronização, encontram dificuldades maiores de adaptação.

Atualmente, quando se fala em ensinar-aprender, necessariamente se está fazendo alusão a algum instrumento da moderna tecnologia, ainda que nem todos os ambientes educacionais tenham acesso a ele. As instituições de caráter educacional, denominadas de escolas ou de universidades, são apenas alguns dos locais onde se aprende. Apesar de já existir esse reconhecimento, nem sempre foi assim, a não ser para os temas mais elaborados e complexos, que se encontravam apenas na cabeça dos professores. Atualmente, com o avanço das pesquisas e decorrente produção de instrumentos para as áreas de Informática e Telecomunicações, qualquer informação está ao alcance de todos. Neste sentido, a função de transmitir informações, própria dos ambientes educacionais, foi alterada: não deixou de existir, mas está diferente. O acesso à informação está disponível a todos, criam-se cenários e estratégias com um sentido de indeterminância, de abertura para novos possíveis, como um convite ao aluno à participação, à co-autoria.

E o papel do professor como fica? Não fica! Transforma-se! Mas, qual será sua função agora, se não foi educado nesses moldes?

O contexto torna-se confuso para este professor, que já não tem mais certezas sobre seu papel...

Um exame mais minucioso pode nos mostrar que, com certa freqüência, as TIC estão sendo utilizadas de acordo com o paradigma dominante da ciência moderna (MORAES, 2002). Em decorrência disso, estão promovendo práticas pedagógicas tecnologicamente sofisticadas, porém empobrecidas do ponto de vista pedagógico. Tais práticas têm servido de reforço ao paradigma tradicional de educação, baseado em aspectos como a transmissão da informação e a compartimentalização entre razão e emoção nos processos de aprendizagem.

No entanto, pesquisas em universidades já indicaram que as TIC são capazes de favorecer o desenvolvimento da autonomia e da cooperação (RAMOS, 1996; XAVIER, 2000), a expressão da sensibilidade, da criatividade e a formação de novos valores (PELLEGRINO, 2001), o desenvolvimento do pensamento reflexivo (VALENTE, 1999), as dimensões da racionalidade (FAGUNDES, 1999), sinalizando que seu uso pode contribuir para os processos de aprendizagem de conceitos, valores e atitudes.

Moraes (2002) argumenta que as tecnologias estão sendo usadas para camuflar velhas teorias, porque não existe um modelo de formação de professores para o uso das TIC, inspirado num paradigma mais aberto, dinâmico, construtivista, crítico, humanista e criativo.
Mas, como os professores poderão aprender a usar as TIC de acordo com um paradigma que enfatiza a solidariedade? Nevado (2001) nos diz que os modelos de formação de professores, que atuam em ambientes informatizados de aprendizagem, poderão ser promotores de inovações nas práticas pedagógicas. Haverá avanços neste sentido, se a proposta de formação de professores for baseada no paradigma interacionista-construtivista, com ênfase na construção de conhecimento contextualizado e cooperativo. O principal aporte teórico dessa proposta pode ser encontrado na Epistemologia Genética, nos conceitos de auto-organização ou eco-organização e em alguns princípios do pensamento holístico.

Refletindo sobre EAD, qual o tipo de conhecimento que deveria permear as relações interindividuais em EAD? Para Santos (2002), a difusão do conhecimento-solidariedade, tanto na educação presencial, como na educação à distância, parece configurar-se na possibilidade de se cumprir as promessas de democratização da Educação, diminuindo as grandes diferenças sócio-econômicas existentes.

Fonte: http://educacaoinovacao.blogspot.com/, acesso em 12/02/2011.
IMPORTANTE: Por questões de ética e direitos de autoria, pedimos que ao fazer utilização deste trabalho para outros fins senão a leitura do mesmo, por gentileza o referencie devidamente e/ou entre em contato com seu autor. Obrigado.

Um comentário:

  1. Olá Professor José Carlos.
    Excelente a sua matéria sobre EAD, já participei de seminários e cursos sobre TIC na educação e estou fascinada com as infinitas possibilidades.
    Seu blog é ótimo e aqui se encontra mais uma seguidora.

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