terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

DIVERSIDADE SEXUAL E DE GÊNERO NA EDUCAÇÃO INFANTIL.

Possibilidades didático-pedagógicas para um ensino da questão da diversidade sexual e de gênero na educação infantil.

Como abordar a questão da diversidade sexual e de gênero na educação infantil? Qual a melhor forma de introduzir conceitos como sexo, gênero e diversidade na educação infantil? Pais e professores indagam qual seria a melhor forma de fazê-lo e a adequadação à faixa etária. Essas e outras perguntas, de igual relevância, fazem parte dos novos dilemas do professor moderno.
Crianças e adolescentes têm acesso cada vez mais rápido às questões sexuais como: relações sexuais, reprodução, gravidez na adolescência, HIV, doenças sexualmente transmissíveis e violência sexual contra vulneráveis. Também se faz necessário abordar a diversidade de gêneros, a homofobia, o sexismo e demais assuntos que exigem extrema cautela quando
trabalhados.
Com o desenvolvimento humano e a necessidade de reeducação sexual, é necessário um novo olhar para as ferramentas intermediárias do processo de ensino, abordagem e aprendizagem relativos à diversidade sexual e de gênero. Fantasiar e tentar abordar o assunto através de contos clássicos e mitos não mais ensinam, sequer educam e muito menos previnem. O conteúdo precisa trabalhado de forma realista, porém adequada à idade.
Na educação infantil, inicialmente, devem ser trabalhadas as questões básicas como: sexo e diferenciação de gênero.
No livro “Gênero, Sexualidade e Educação”, Guacira Lopes Louro chama atenção para as possibilidades de educação sexual com especial atenção às diferentes posições do sujeito e de identidades na modernidade, frisando principalmente as mudanças na relação homem-mulher, nas relações étnicas, classistas, sexuais e políticas.

O professor deverá abolir do seu discurso qualquer resquício de sexismo, racismo ou etnocentrismo. É imprescindível que o professor de educação infantil esteja consciente das
etapas da sexualidade infantil, despindo-se de preconceitos e entendendo que a criança vê a sexualidade de forma diferente do adulto.
É necessário que o professor saiba da necessidade de dar a nomenclatura certa aos órgãos sexuais, com naturalidade, desde a mais tenra idade.
Como se abordar essas questões de forma multidisciplinar?
Esclarecer que a sexualidade faz parte da vida do ser humano e que se deve falar sobre ela, trabalhando a comunicação e expressão nas atividades de roda da conversa
Dar abertura aos alunos para que perguntem, uma vez que a sexualidade diz respeito ao corpo e a emoção dos seres humanos, desenvolvendo também a comunicação e expressão.
Divulgar que a sexualidade tem a ver com identidade e gênero, sexo e reações do corpo humano a estímulos físicos, trabalhando classificação, seriação e iniciação às ciências.
Entender que a criança é sexual desde o momento em que nasce e tratar com naturalidade o autodescobrimento, abordando também a questão da privacidade e respeito ao corpo, sabendo que a criança não vê o sexo com a mente de um adulto, trabalhando iniciação às ciências, interação social e comunicação e expressão.
Responder, de forma clara e direta as perguntas das crianças, quando elas manifestarem a curiosidade sexual trabalhando, também à iniciação às ciências, interação social e comunicação e expressão.
O professor deve ter ciência que a sexualidade está diretamente ligada com a auto-estima do aluno e, dessa forma, além de usar as palavras e termos adequados, jamais deverá referir-se ao sexo e a diversidade de gêneros como algo sujo ou pecaminoso.
Formas de se trabalhar diversidade sexual e de gênero na educação infantil, através do uso de materiais educativos:
Livros infanto juvenis: existem, na literatura infantil, ótimos livros, como: “O Menino Que Brincava de Ser”, que conta a história de Dudu, o menino que gostava de se fantasiar de menina e introduz o tema dos papéis sexuais, trabalhando comunicação e expressão e artes.
Vídeos educativos: A série da TV Escola “Direitos do Coração” que é a história de uma família que sofre por causa do alcoolismo, desemprego, só a mãe sustenta a casa e trabalha essa questão de forma lúdica trabalhando interação social.
Jogos, bonecas e bonecos: Família colchete, que são nove bonecos em cada kit, com os respectivos órgãos sexuais, representando pais, avós, casal de jovens, adolescentes e dois bebês. Todos os bonecos possuem colchetes em lugares estratégicos para simular cenas como pegar na mão ou beijar, da Semina Produtos Educativos, trabalhando vários conteúdos.
Pensar em um ensino totalmente livre, sobre a questão da diversidade sexual e de gênero, no ensino infantil, é ilusório, pois exige uma nova postura do professor e o envolvimento dos pais e responsáveis no processo, mas usar recursos didáticos é mais que possível!

1. Clique aqui para ver o site de origem da imagem.
REFERÊNCIAS

LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 2010.
MARTINS, G.C. O menino que brincava de ser. DCL Difusão Cultural.

*Ensaio que escrevi ao saber sobre a existência Projeto Papo Cabeça da UFRJ: http://www.papocabeca.me.ufrj.br
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Um comentário:

  1. Muito boa sua resenha, prof. Carlos; o tema é realmente bem complexo, mas com oportunidade e dedicação conseguiremos levar a essa geração o que significam os seus papeis na sociedade; um grande abraço.

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